segunda-feira, 27 de junho de 2011

Pensando...nas muitas concepções sociais e diria até nas relações de poder que vivenciamos no nosso cotidiano. A tirania, a democracia as formas de dominação não tão expostas claramente assim, permeiam nossa vida. E na escola? Qual a relação que se faz disso tudo? Acredito que o desacomodar, impulsiona ao refletir, o movimento cria, gera algo novo. Ficar na inércia não transforma só fecha os olhos para a realidade como se o nosso movimento diante da vida não fosse tão vital e necessário. As culturas e seus signos impõem direta ou indiretamente ações e conceituações a cerca de como fazer. Cabe a escola inferir neste espaço de pensar, para dar voz aos mais diversos temas de maneira que vários pontos de vista sejam abordados e  diferentes opiniões tenham voz e vez.
Pensando com meus botões...à respeito do fazer escola...diria eu...

Tomarmos atitudes é assumir posturas que nem sempre vão de encontro com o comodismo de muitos, mas não dá mais para ficar alheio a realidade que vivemos. Não dá mais para cruzar os braços diante de tanta coisa para se fazer. Tanto é o que devemos nós cidadãos e educadores melhorar, construir um lugar para se viver melhor é tomar frente a um ambiente escolar que valorize nossas diferenças. Para nós educadores apaixonados pelo que fazemos, não há nada mais valoroso do que a convivência entre nós, seres diferentes. Podermos fazer em nós a desconstrução e construção de conceitos e ideias, faz com que nossas reflexões tornem nossos dias e dos que fazem parte dele o melhor que se pode fazer. Pensar e repensar a vida nos torma mais flexíveis e abertos a mudanças necessárias. Somos seres em constante mudança, façamos delas ferramentas para fazer o nosso melhor.
 
 
 
 
 
Cena de Memória.

A educação infantil é fundamental na formação dos seres humanos, é lá que formamos nossas primeiras opiniões e atitudes no grupo social do qual fazemos parte. Lá também, vem marcado em cada aluno as concepções que sua famíla tem da vida e do outro. Desde o nosso entrar no mundo, sofremos influência do meio que vivemos e das concepções que este lugar nos impõem, somos constituídos mais pelos outros do que por nós mesmos. Passei algum tempo neste espaço de formação, a educação infantil. Presenciei muitas atitudes que revelaram uma sociedade limitada e estagnada em velhos conceitos que desvalorizam não só o outro mas a si mesmo.
É mais um dia de aula, novamente um grupo de alunos passará algumas horas juntos e trocarão saberes, construindo assim sua formação social. Após determinada atividade de aula é solicitado aos alunos que façam um desenho sobre a história que ouviram. Há sempre uma questão que não se tem claro na mente das crianças, a questão da despadronização racial. Vivenciei muitas vezes alunos brigarem por não terem um lápis "cor da pele" para desenhar um personagem, que para eles até então é um só, rosa claro que representa o branco. Questiono e questionei muito esta questão de que não existe só uma cor de pele e sim muitas. Sempre pedi que olhassem ao lado dissessem se todos somos iguais e se nossas peles também são.
Já presenciei crianças de 4 e 5 anos falarem de seus colegas negros com desprezo por terem a pele mais escura e cabelos crespos. Infelizmente esta é uma realidade presente na nossa sociedade, desde cedo presenciamos famílias preconceituosas que determinam valores a seus filhos que muitas vezes tem como formador, um adulto preconceituoso e a televisão. As crianças não nascem preconceituosas e não veem os outros com menos valor que elas, elas são parte de um lugar onde os valores são estipulados por uma padrão historicamente estabelecido, um padrão em que a maioria da população não se encaixa, em nível social, racial e econômico.
 
 
 
 
 
 
Estereótipos e o cotidiano.

Estereótipos étnicos atuais ainda são apresentados e impostos em nosso dia a dia através da mídia, um bom exemplo é o poder que tem a mídia televisiva na formação de conceitos sobre coisas e pessoas. Os mais diversos tipos de programas de televisão por exemplo, estipulam um padrão do que é belo e condutas que se deve ter diante de situações diversas na vida cotidiana. Esta padronização segue um modelo europeu e norte americano, algo que não é nada original e concernente a nossa raíz cultural.
A identidade cultural de um povo, fica sufocada por estereótipos que desvalorizam o que é do contexto regional. Esta mesma mídia, ressalta em culturas menos valorizadas suas fragilidades e limitações e nunca seus atributos positivos e contribuições, sua história é trágica e miserável pois, suas conquistas e avanços não são de interesse serem divulgadas para manter o poder de poucos sobre muitos. Os meios de comunicação de maior acesso, tem grande poder de formar opiniões e pré-conceitos sobre pessoas e seus grupos sociais. Há os que dominam e os que se deixam dominar por falta de informação e formação.


Diversidade e Diferença.

A escola é um ambiente de múltiplas inteligências, onde circulam por lá a diversidade cultural de uma sociedade. É na escola que se procura uma formação culta e científica, é lá o lugar onde a troca de conhecimento deve ser estimulada. Ela tem em sua configuração o conviver com diferenças culturais, etnicas e sociais. As relações, os agrupamentos dos indivíduos se dão neste ambiente, que deve ser acolhedor e livre de preconceitos. Seu currículo deve ser contextualizado, dentro de uma realidade cultural múltipla. A escola como ambiente formador deve ter em suas concepções o respeito ao outro, onde a individualidade se faz valorizada no coletivo, no grupo. As ações da escola se refletem na postura de uma sociedade, então o papel da escola é maior do que simplesmente o conteudísmo, é o lugar onde se processa os conhecimentos e se constroem pensamentos e ideias.
A identidade de um povo, de uma sociedade se constrói ao decorrer do tempo. Nossa história, nossos signos, nosso passado faz de nós o que somos hoje. A história a qual temos acesso na escola, até então, criada por uma sociedade européia, nos dá marcas não tão autênticas e confiáveis. Esta historicidade cultural da qual fazemos parte diminui e exclui uma parte da sociedade. Os grupos sociais que foram postos de fora das grandes realizações de nosso país, são até hoje vistos como grupos vulneráveis, os ditos invisíveis da sociedade atual. Uma geração precisa de um passado, passado este que não é tão valorizado. Precisa de orgulho de feitos de seu povo. Para tal feito se precisa dar voz a uma nova visão de mundo, valorizando a diversidade, as diferentes formações de um povo e sua história de conquistas.
A muito pouco tempo, se tem dado a saber as diferentes culturas que formam nosso povo. Por muito tempo foram silenciadas as verdadeiras formações socias da nação. O ensino de uma história sem questinamentos e problematização cria uma sociedade a parte de suas raízes. É a cegueira de um povo diante de sua formação cultural e social. Para a formação de uma geração consciente de seu valor histórico e seu papel no presente, o acesso a informações sobre as diferentes formações étnicas e suas especificidades se faz necessário, uma educação pesquisadora e não uma educação que fica a mercê de informações manipuladoras.